Você aceita ser liderado?
São muitos os estudos e questionamentos a
respeito desse tema, mas será que tudo que existe descrito, sugerido,
desenvolvido e aplicado trouxe resultados efetivos? Será que existe um estado
de liderança ideal, que possa ser aplicado a qualquer situação?
A liderança é o ato de liderar. Partindo desse
pressuposto, temos dois personagens: líder e liderado. Sendo assim, o que leva
um indivíduo a assumir o papel de líder e outro o de liderado? O que leva um
indivíduo a aceitar e seguir a orientação de outra pessoa?
No entanto, não basta compreender o que é ser
líder ou liderado, é necessário compreender ambos e desempenhar os dois papéis
com excelência – caso contrário podemos cair no espaço da incompetência.
Numa visão mais ampla, o que existe é um
indivíduo na sua interação com outras pessoas, que em função de um contexto,
assume papéis. A função de conduzir, orientar e coordenar, e a aceitação de ser
conduzido, orientado e coordenado pelo outro.
Se você analisar o seu cotidiano perceberá a
relação liderança/subordinação, subordinação/liderança acontecendo a todo
instante. Isso muitas vezes nos leva a deixar de perceber o cargo ou a função
hierárquica que assumimos nas relações sociais. Acredito que esse talvez seja
um fator significativo, que pode estar contribuindo para resultados
insatisfatórios. Talvez por uma questão de competência profissional, quem está
em um cargo hierárquico superior tenha mais competência para exercer o papel de
liderança. Mas assumido de forma permanente em todas as situações, decisões,
seria isso produtivo? Acredito que não.
Mas sob que aspecto esta dicotomia –
liderança/liderado poderia ser mais produtiva? A resposta a essa questão pode
ser o diferencial, a diferença que faz a diferença.
Numa abordagem funcional, aplicando a hierarquia
dos cargos, temos essencialmente presente a relação chefe/subordinado como uma
constante imutável. O mesmo processo acontece no meio familiar e social.
Exercemos o papel de liderança e subordinação de acordo com a situação e o
contexto que estamos experienciando. Se tal dualidade existe, o que nos faz
agir de forma diferente em cada uma dessas situações? O que nos leva ao
desconforto no papel de subordinado pela atitude de um líder, e ao mesmo tempo
gerar igual desconforto em nosso subordinado quando somos o seu superior?
Parece paradoxal… E é! Existe uma lei da natureza regendo esse relacionamento.
De uma análise reflexiva podemos perceber que
não basta treinar ou desenvolver a liderança. É necessário também desenvolver
os liderados. Acredito que a excelência da liderança está em aceitar a
liderança dos outros. A excelência do liderado, em aceitar ser liderado.
Aceitação é a palavra-chave, mas isso não significa concordar, submeter-se,
seguir ou reconhecer. Aceitar é um ato que pode nos levar a concordar, a nos
submeter, a reconhecer, a seguir… É importante entender que aceitar é a atitude
de abrir-se para receber, é predispor-se a.
Fonte: VOCÊ
aceita ser liderado ?. Núcleo Ser, São Paulo, n.26, nov. 1996.